Pular para o conteúdo principal

Sadomasoquismo


SADOMASOQUISMO: ENTENDA A PRÁTICA ABORDADA POR '50 TONS DE CINZA'

O sadomasoquismo representa o casal, composto por um sádico, que gosta de provocar sofrimento; e um masoquista, que desfruta do prazer de sentir a dor. Um masoquista não vive sem um sádico e vice-versa.

Este tipo de comportamento sexual veio à tona com a chegada ao Brasil do livro Cinquenta Tons de Cinza da autora inglesa Erika Leonard James. Com base em sua própria experiência profissional a sexóloga Carla Cecarello afirma que é uma parcela pequena da sociedade que se encanta com chicotes, tapas e velas – um número inversamente proporcional aos milhões de interessados no livro e neste tipo de história. Ao fenômeno de vendas, ela atribui o aspecto comportamental que está por trás da agressividade na cama.

A sexóloga explica que o sadomasoquismo existe em diferentes graus, e pode estar presente mesmo sem todo o estereótipo que cerca a prática. “Às vezes o casal não é sadomasoquista na cama, mas, na atitude, como aquele homem que só pensa nele, não quer fazer uma preliminar, quer ser o dominante. Eu creio que este tipo de enredo encanta muito porque existe um grau de sadismo em muitas relações”, observa.

Apesar de o tema estar mais em foco nos dias atuais, Carla afirma que as relações sadomasoquistas sempre existiram, partindo do princípio do “dominar” e do “ser dominado”. Até nas fantasias sexuais a relação de poder e submissão se faz presente – as mulheres vestidas de empregadas; os homens, vestidos com fardas configuram uma relação de poder e submissão. “Acho que na verdade este comportamento não é muito aceitável pelas pessoas, mas eu diria que muito mais gente do que podemos imaginar faz isso na cama”, aponta Carla.

Mais do que chicotes, algemas e roupas de couro, o sadomasoquismo reflete essa necessidade de se impor em uma relação ou o contrário, a valorização em sofrer para agradar o outro. A especialista explica que o comportamento sádico ou o masoquista não depende de fatores genéticos, mas é resultado de uma influência muito grande do ambiente familiar e social que essa a pessoa vive nos primeiros anos de vida. Pais agressivos, que praticam violência entre si ou contra a criança, chantagistas ou vingativos podem reforçar este traço. “Este ambiente familiar provoca na criança sentimentos de negativismo e desilusão. Tudo é muito facilitado até os seis anos de idade, que é quando definimos nossa sexualidade”, explica. 

Na vida fora da cama, os adeptos ao sadomasoquismo também demonstram traços que se traduzem em forma de agressividade na hora do sexo. “O sádico geralmente é uma pessoa mais egoísta, que busca somente os próprios interesses, não consegue trabalhar em conjunto nem dividir. Por outro lado, o masoquista não se impõe, todo mundo passa por cima, não tem voz ativa”, analisa.

Oswaldo explica que não existe violência dentro de uma relação deste tipo, mas a busca de diferentes formas de prazer associadas à dor e humilhação, desde a dominação e submissão, até as ações com dores ou punições físicas. Ele acrescenta que, nas últimas décadas, os praticantes têm preferido usar a sigla BDSM (Bondagismo, Dominação, Sadismo e Masoquismo), justamente para fugir do estereótipo da situação onde um bate e o outro apanha. O especialista ressalta também que o sadomasoquismo não se enquadra em uma psicopatologia. “Não necessariamente existe a agressividade fora da cama, pois ambos se adequam socialmente, reservando para a privacidade os jogos que lhes dão prazer”, afirma.

Andar com salto agulha em cima do corpo do parceiro, provocar queimaduras, amarrar, vendar os olhos, e até mesmo argolas para amarrar os mamilos, o pênis ou o clitóris e puxar. Essas são algumas das práticas que os casais sadomasoquistas gostam de fazer na cama. Entre os objetos preferidos estão roupas de couro bem coladas, pois definem o corpo, tachas pontiagudas, algemas, bandagens, vela, chinelos, cordas, cadeados, fitas adesivas, chicotes, roupas de couro e de metal. Carla conta que existe até quem é adepto da asfixia sexual, ou seja, quando o parceiro chega ao orgasmo, o outro o sufoca com um saco para sentir prazer com o sofrimento alheio.

Com tanta “violência” na cama, fica difícil acreditar que este casal consiga afastar a agressividade do convívio diário. No entanto, Carla explica que eles só entrarão em conflito quando não há concordância entre as práticas. “Se um dos dois não está gostando muito do que está vivenciando na cama, eles vão acabar brigando em algum momento. Mas se ambos gostam da agressividade, dificilmente ela vai para a vida fora do sexo, pois se é gostoso e bom, está tudo certo”, explica. 

A busca de limites também é feita em dupla e, conforme explica Oswaldo, cada casal cria suas próprias regras. O único entrave é quando um não dos dois não é adepto das preferências. “Se uma prática não é a preferida, não será usada no relacionamento, pois seria uma violência contra o outro, e isto está fora das possibilidades eróticas”, pontua.
Quando o sádico encontra o masoquista, as chances de o relacionamento sexual dar certo são grandes. “Se o casal está bem com isso, não existem problemas. Pode parecer estranho para quem está de fora, mas cada um sabe o seu próprio limite. É um relacionamento como qualquer outro, só que não tem nem frutinhas, nem rosinhas, só algemas e chicotes", finaliza a sexóloga.

Fonte: Danielle Barg

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

16 doenças mentais que confundimos com virtudes

O que diferencia um comportamento razoável de outro patológico é a intensidade, frequência e grau de prejuízo que causa para a própria pessoa e os outros. Nossa sociedade não é das mais saudáveis mentalmente, visto que psicopatas são CEO’s, estelionatários podem ser políticos. Então o fato é que aquilo que é visto como virtude na real pode dar indícios de um fundo patológico que ninguém percebe. Nem todas as pessoas que têm essas características têm a psicopatologia, mas todas as pessoas com o distúrbio costumam ter esses pontos em comum, ou seja, um item isolado não faz o diagnóstico completo (normalmente mais de cinco em cada patologia).  Sexy – a sensualidade está longe de ser um problema, principalmente em contexto adequado ela é um afrodisíaco para conquistar alguém para intenções afetivas ou sexuais. Mas se ela é inadequada, invasiva, exagerada, dramática e acompanhada de uma necessidade desesperada de chamar atenção pode ser sinal de Transtorno de Personalidade Histriôni

4 maus costumes que podem destruir seu casamento

Imagine a seguinte cena: você chega do trabalho e seu parceiro já começa a cobrar ou a reclamar de algo, você responde de forma ríspida e os dois começam então uma sequência de críticas, insultos e acusações. No final, não há um acordo entre vocês – nem um e nem outro reconhece o erro e o clima pesado toma conta da casa. Essa situação é familiar para você? Se for, não se desespere! O primeiro passo para quebrar esse hábito é reconhecê-lo. Depois, é preciso também estar disposto a mudar, caso contrário, muito provavelmente, seu casamento entrará em uma crise, afinal atitudes como essas destroem qualquer relacionamento. Então, tome cuidado e não repita os seguintes costumes que podem se tornar muito nocivos para o seu casamento: 1. O costume de revidar Quando marido e esposa respondem negativamente um ao outro, a conversa fica cada vez mais hostil. E os comentários negativos crescem cada vez mais com a raiva e frustração. Deste modo, a tendência será sempre pensar que “o que vai

PESSOAS TÓXICAS - CUIDADO!

Muitos dos problemas de autoestima que afetam milhares de jovens e adultos nada têm a ver com doenças de carater emocional ou psicológico, (embora possam vir a se tornar um problema desse genero), mas a sua genese está nas pessoas tóxicas que permitem que interfiram e permaneçam na sua vida. Estas pessoas têm a capacidade de despertar o pior que há em nós e até de nos fazer acreditar que somos frageis, instáveis, incapazes de tomar decisões sem o seu parecer, incapazes de nos relacionar com o próximo e de sermos independentes. Por norma, as pessoas tóxicas procuram controlar os outros através do abuso emocional. Levam os que lhes são próximos- através das críticas constantes- a crer que algo terrível lhes acontecerá se algum dia se desprenderem deles. Incapazes de fazer um elogio, dão ares de conhecer grandes segredos a respeito das outras pessoas, de saber coisas que mais ninguém sabe, tudo para os certificar que a terra para de girar se eles assim o desejarem. Muitas pessoas